sexta-feira, 18 de março de 2011

VIÇOSA JÁ FOI BRANQUINHA

Branquinha

Apelido carinhoso da cachaça. O mesmo que azuladinha, birita ou água-que-passarinho-não-bebe.

Em Viçosa, a quantidade dos amantes da aguardente só é superada pelo número de vítimas da xistose. Sofre nos tempos atuais grande concorrência por parte da “lourinha”, inclusive nos segmentos de mais baixa renda da população.

Vale ressaltar que os devotos da cachaça mantêm uma atitude cética e superior quando se deparam com uma tentadora garrafa de cerveja. Jorginho Bêbado, vítima fatal da cirrose e alcoólatra-maior da província, quando em vida sentenciou categórico: - A cerveja é o mijo do Diabo. Só que engarrafado e bem geladinho.

Relata a sapiência popular que a mistura da pólvora com a cachaça provoca a coragem em quem dispuser de suficiente coragem para ingerir tão estranha mistura. Coragem para guerrear, para duelar, para aniquilar o inimigo.

Aqui na terrinha é costume separarem-se os ingredientes. O derrotado prova da pólvora ou chumbo grosso e converte-se em defunto, migrando para a indesejada terra dos pés juntos; o vitorioso prova da cachaça e, em ato festivo, financia a bebedeira para os inúmeros espectadores do duelo, o que, por vezes, transforma a morte em algo mais aconselhável – porque menos dispendioso – que a preservação da própria vida.

O Trovador Berrante e o Bar do Zézo na praça Apolinário Rebelo, a Toca do Veio e o Bar do Relógio na avenida Firmino Maia são, nos dias atuais, os pontos de encontro dos boêmios viçosenses que trabalham (nos copos) pelas noites e madrugadas e hibernam (pelas calçadas e camas) enquanto reina o sol.

Por Sidney Wanderley.

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