quarta-feira, 30 de março de 2011

Manoel Francisco



Usina Boa Sorte, boa sorte só no nome: ontem açúcar, hoje escombros.

Manoel Francisco

O fundador da povoação do Riacho do Meio (atual Viçosa).

Em 1790, por ordem do ouvidor José de Mendonça de Matos Moreira, estabeleceu residência no sítio Riacho do Meio, com a finalidade de aí experimentar a cultura do algodão.

Chegando ao local, fez um roçado no vale em que hoje se encontra a praça Apolinário Rebelo (antiga praça do Comércio) e, logo depois, erigiu uma capela de madeira no ponto em que atualmente existe a igrejinha de Nossa Senhora do Rosário.

Com o passar do tempo, várias casas foram sendo construídas ao lado esquerdo da igrejinha, todas elas de madeira. De diversos pontos do município, sobretudo do Sabalangá e da Mata Escura, começaram a afluir moradores para o Riacho do Meio. Esses moradores eram descendentes, não apenas dos paulistas, mas ainda dos negros quilombolas e dos índios que tinham vindo com Domingos Jorge Velho, o responsável pela expedição que desbaratou os quilombos de Palmares, em 1694. Elementos estranhos, vindos de outros municípios, principalmente Marechal Deodoro e Santa Luzia do Norte, ajudaram para o povoamento do Riacho do Meio, bem como portugueses perseguidos durante a guerra da Independência, os quais originaram as famílias Vilela, Vital dos Santos, Vasconcelos Teixeira e Loureiro.

Em 1880, noventa anos após a fundação, o Riacho do Meio possuía, além da praça Apolinário Rebelo, as ruas da Lama e do Joazeiro (atual Frederico Maia), a do Gurganema, a do Rosário, a da Palha, a da Matriz, a do Cochicho e a atual Vigário Loureiro (então Rua do Beco) ainda em formação. Depois da rua do Beco havia vários casebres de palha até o meio de uma várzea, onde se erguia uma frondosa canafístula, que, posteriormente, deu nome à rua que aí se formou. Onde era a "Canafístula", existem hoje a Padre Elói, a Praça Izidro Vasconcelos e parte da Mota Lima. A atual Clodoaldo da Fonseca, nos fins do século passado, não passava de uma avenida de mulungus, cortada pelo riacho do Meio. Durante muitos anos, foi conhecida por rua do Calçamento, devido a um calçamento de pedras brutas que aí existiu. Da atual avenida Firmino Maia não existia sequer notícia. Contava então o município com cerca de 25.000 habitantes, 2.000 dos quais constituindo a população escrava.

Em 1890, cem anos após sua fundação, o povoamento praticamente duplicaria em extensão, devendo-se creditar tal crescimento à chegada da via férrea em Viçosa, o que provocou a repentina multiplicação dos descaroçadores de algodão e dos engenhos de açúcar - os dois produtos basilares da economia municipal.

Manoel Francisco - o fundador do Riacho do Meio, atual Viçosa - faleceu, já octogenário, em 1839, numa situação de extrema pobreza, situação esta idêntica à da grande maioria de seus descendentes e conterrâneos de hoje.

Por Sidney Wanderley

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