DESTAQUE DO ESPORTE
quarta-feira, 30 de março de 2011
Manoel Francisco
Usina Boa Sorte, boa sorte só no nome: ontem açúcar, hoje escombros.
Manoel Francisco
O fundador da povoação do Riacho do Meio (atual Viçosa).
Em 1790, por ordem do ouvidor José de Mendonça de Matos Moreira, estabeleceu residência no sítio Riacho do Meio, com a finalidade de aí experimentar a cultura do algodão.
Chegando ao local, fez um roçado no vale em que hoje se encontra a praça Apolinário Rebelo (antiga praça do Comércio) e, logo depois, erigiu uma capela de madeira no ponto em que atualmente existe a igrejinha de Nossa Senhora do Rosário.
Com o passar do tempo, várias casas foram sendo construídas ao lado esquerdo da igrejinha, todas elas de madeira. De diversos pontos do município, sobretudo do Sabalangá e da Mata Escura, começaram a afluir moradores para o Riacho do Meio. Esses moradores eram descendentes, não apenas dos paulistas, mas ainda dos negros quilombolas e dos índios que tinham vindo com Domingos Jorge Velho, o responsável pela expedição que desbaratou os quilombos de Palmares, em 1694. Elementos estranhos, vindos de outros municípios, principalmente Marechal Deodoro e Santa Luzia do Norte, ajudaram para o povoamento do Riacho do Meio, bem como portugueses perseguidos durante a guerra da Independência, os quais originaram as famílias Vilela, Vital dos Santos, Vasconcelos Teixeira e Loureiro.
Em 1880, noventa anos após a fundação, o Riacho do Meio possuía, além da praça Apolinário Rebelo, as ruas da Lama e do Joazeiro (atual Frederico Maia), a do Gurganema, a do Rosário, a da Palha, a da Matriz, a do Cochicho e a atual Vigário Loureiro (então Rua do Beco) ainda em formação. Depois da rua do Beco havia vários casebres de palha até o meio de uma várzea, onde se erguia uma frondosa canafístula, que, posteriormente, deu nome à rua que aí se formou. Onde era a "Canafístula", existem hoje a Padre Elói, a Praça Izidro Vasconcelos e parte da Mota Lima. A atual Clodoaldo da Fonseca, nos fins do século passado, não passava de uma avenida de mulungus, cortada pelo riacho do Meio. Durante muitos anos, foi conhecida por rua do Calçamento, devido a um calçamento de pedras brutas que aí existiu. Da atual avenida Firmino Maia não existia sequer notícia. Contava então o município com cerca de 25.000 habitantes, 2.000 dos quais constituindo a população escrava.
Em 1890, cem anos após sua fundação, o povoamento praticamente duplicaria em extensão, devendo-se creditar tal crescimento à chegada da via férrea em Viçosa, o que provocou a repentina multiplicação dos descaroçadores de algodão e dos engenhos de açúcar - os dois produtos basilares da economia municipal.
Manoel Francisco - o fundador do Riacho do Meio, atual Viçosa - faleceu, já octogenário, em 1839, numa situação de extrema pobreza, situação esta idêntica à da grande maioria de seus descendentes e conterrâneos de hoje.
Por Sidney Wanderley
Louvação
O pífano da zabumba, preservação no tempo das gaitas e flautas cambembes e caetés.
Louvação
Foi o poema que segue, escrito por mim para (e lido pelo autor durante) o programa que a Rádio França internacional, sediada em Paris, dedicou a Teotônio Vilela uma semana antes do seu falecimento, a 20 de novembro de 1983. Intitulado “Breve Poema em Louvor do Pássaro Teotônio”, o tributo segmenta-se em:
1- DO POETA PARA O POVO
Eu hoje quero, à noite, conversar
com um pássaro conterrâneo que conheço,
dizer-lhe dos meus medos brasileiros
ante as aves de rapina que espreitam
este solo e este povo defendidos
por armas que Ihes miram os próprios peitos.
Eu hoje quero, à noite, abraçar
um pássaro conterrâneo que admiro,
um pássaro que não cante em gaiolas e florestas,
que canta no Senado e nas prisões, que trina
em greves, comícios, protestos, passeatas, procissões,
e quando canta este uirapuru urbano
os pássaros menores fecham o bico e abrem os tímpanos
para sorverem, em largos goles, o som mavioso
que exalam sua voz e sua palavra.
Eu hoje quero, à noite, cantar junto
a um pássaro conterrâneo que cultivo,
até que a noite cesse e o dia surja
trazendo sol para os olhos, pão para as bocas
e afago para os lombos dos viventes;
cantar ao lado dele porque belo é cantar junto
quando duas são as bocas e o canto se faz único;
cantar ao lado dele para dizer-lhe
quão belo em seu canto é o vocábulo pátria
- vestido de coração e despido de basbaquice -,
como contar-lhe de meus sonhos brasileiros
que um dia – creio – hão de ganhar
carne, sangue e concreto.
Eu hoje quero, à noite, simplesmente
Agradecer em nome do seu povo
a um pássaro conterrâneo que conheço
e que se intitula: Teotônio.
II – DO POETA PARA O PÁSSARO
Agora que a noite já vai alta
e que o povo deste solo sonha em sono,
agora que só bêbados, prostitutas,
policiais e sonâmbulos se locomovem
pelos bares e boates do país,
agora que estamos frente a frente
e que tudo mais é só silêncio,
agora eu agradeço para sempre
a ti, que
com o tempo aprendeste o verbo povo,
substantivo maior de nossas vidas;
agora eu aperto as mãos trêmulas
de ti, que
com o câncer ensinaste a todos nós
o quanto de poesia encerra a morte;
agora eu miro os serenos olhos
daquele que
de Deus - em quem não creio –
herdou a voz, o prefixo e a grandeza;
agora que tu dormes calmamente
e a manhã, tímida, já se anuncia,
como um pai (chorando) ao filho
eu te confesso:
doce será aos filhos desta pátria
soltar teu nome preso nas gargantas,
doce será aos herdeiros deste tempo
reter na memória teu espírito guerreiro,
doce será dizer-se Teotônio,
como dizer-se liberdade
aurora
Brasil
Justiça
vôo.
Por Sidney Wanderley
Jornalecos
Rua da Matriz, 25: casa onde morou Graciliano Ramos.
Jornalecos
Nascido em Quebrangulo (AL) a 27 de outubro de 1892 e tendo vivido até os sete anos na vila de Buíque, no vizinho estado de Pernambuco, já em 1899 a criança Graciliano Ramos aportava em Viçosa – “cidadezinha do país das Alagoas / terra de tanta coisa ruim / terra de tanta coisa boa”, no exato dizer do falecido folclorista Théo Brandão.
Sebastião Ramos, pai do romancista, intalou-se no comércio local com uma loja de tecidos, miudezas e ferragens situada na parte térrea do principal sobrado da praça Apolinário Rebelo – àquela época, praça do Comércio.
De início, a família fixou residência numa casa próxima à antiga cadeia, na rua do Joazeiro (atual Frederico Maia), mudando-se posteriormente para a rua da Matriz, quando então Graciliano se fez amigo dos filhos do farmacêutico Mota Lima – um dos quais, Pedro da Mota Lima, tornar-se-ia um dos grandes jornalistas brasileiros, e faria brilhante carreira nos jornais cariocas.
Em Infância,Graciliano relembra sem muitas saudades esses tempos: "Aos nove anos, eu era quase analfabeto. E achava-me inferior aos Mota Lima, nossos vizinhos, muito inferior, construído de maneira diversa. Esses garotos, felizes, para mim eram perfeitos: andavam limpos, riam alto, frequentavam escola decente e possuíam máquinas que rodavam na calçada como trens. Eu vestia roupas ordinárias, usava tamancos, enlameava-me no quintal, engenhando bonecos de barro...”.
Por esse tempo, o futuro romancista freqüentava a escola primária de dona Maria do O, onde percebeu com rapidez a diferença de tratamento que as professoras primárias dispensavam aos filhos dos coronéis e aos filhos dos destituídos de poder e prestígio na comunidade. E, não poucas vezes, suas mãos receberam o áspero e indesejado afago da palmatória, método didático muito apreciado no início do século. “O lugar de estudo era isso. Os alunos se imobilizavam nos bancos: cinco horas de suplício, uma crucificação... Não há prisão pior que uma escola primária do interior”. (Infância)
Aos domingos, o futuro ateu e militante comunista ajudava desajeitadamente ao padre Loureiro, durante a celebração da missa. E no tempo que lhe sobrava, o menino lia sofregamente romances de terceira e quarta qualidade...
Em 1904, sofrendo bem mais as influências literárias que geográficas do seu professor de Geografia – a exótica figura do poeta Mário Venâncio – Graciliano, ao lado de seu primo Cícero Ramos, fundaria um periódico intitulado O Dilúculo, com tiragem quinzenal de duzentos exemplares e divulgação restrita à província viçosense.
No número de estréia do jornaleco, o pseudônimo Ramos Oliveira (R.O.) assinava as primeiras linhas que mestre Graça fez publicar. Artigo fraco, miúdo, chinfrim, como o próprio autor mais tarde o definiria. Mas perdoável para uma criança de onze anos, criada entre “dois currais, o chiqueiro das cabras, meninos e cachorros numerosos soltos no pátio, cobras em quantidade”, tabefes paternos, cascudos maternos, indiferença e desprezo dos familiares. E, sobretudo, artigo já revelador de uma simpatia compreensiva e de uma sensibilidade aguçada para com o sofrimento e a miséria dos oprimidos terrenos, sensibilidade esta que se converteria na viga mestra e sustentadora de uma de suas futuras obras-primas – Vidas Secas (1938).
O escrito intitulava-se “O Pequeno Pedinte” e, posteriormente, no autobiográfico Infância, Graciliano se eximiria de parte dos pecados acaso cometidos em sua infância literária, atribuindo-os ao já citado poeta e professor Mário Venâncio:
"O Pequeno Mendigo (sic) e várias artes minhas lançadas no Dilúculo saíram com tantos arrebiques e interpolações, que do original pouco se salvou. Envergonhava-me lendo esses excessos do nosso professor: toda a gente compreenderia o embuste".
Segue-se o meloso artigo, datado de 24 de junho de 1904, e que sequer nos permite imaginar o escritor substantivo em que R. O. se converteria.
O PEQUENO PEDINTE
"Tinha oito anos!
A pobrezinha da criança sem pai nem mãe, que vagava pelas ruas da cidade pedindo esmolas aos transeuntes caridosos, tinha oito anos.
Oh! Não ter um seio de mãe para afogar o pranto que existe no seu coração! Pobre pequeno mendigo!
Quantas noites não passara dormindo pelas calçadas exposto ao frio e à chuva, sem o abrigo do teto.
Quantas vergonhas não passara quando, ao estender a pequenina mão, só recebia a indiferença e o motejo!
Oh! Encontram-se muitos corações brutos e insensíveis!
É domingo.
O pequeno está à porta da igreja, pedindo, com o coração amargurado, que lhe dêem uma esmola pelo amor de Deus.
Diversos indivíduos demoram-se para depositar uma pequena moeda na mão que se Ihes está estendida.
Terminada a missa, volta quase alegre, porque sabe que naquele dia não passará fome.
Depois vêm os dias, os meses, os anos, cresce e paga a vida, enfim, sem tragar outro pão a não ser o negro pão amassado com o fel da caridade fingida".
Em toda a sua futura obra, creio que Graciliano não chegou a usar tantos adjetivos pomposos e tantas interjeições dispensáveis como neste escrito inicial.
Pouco tempo depois, inconsolável com um amor impossível e com uma amada inatingível, o poeta Mário Venâncio cometeria o suicídio - poucos dias antes do 16 de fevereiro de 1906, data em que o segundo e último número do segundo e último jornal que Graciliano fundou na província - Echo Viçosense - ia a público.
Tiveram vida efêmera as tentativas jornalísticas de mestre Graça na terrinha. Mas a previsão do suicida Mário Venâncio se confirmaria: Graciliano Ramos seria romancista. Mas – acrescente-se – de um estilo oposto ao do ídolo de Venâncio, o escritor Coelho Neto. À verborragia de Coelho Neto, mestre Graça haveria de contrapor sua prosa enxuta e substantiva, nordestina e universal; ao palavreado adiposo de Coelho Neto, Graciliano responderia com sua linguagem esquelética, falando sempre “com as mesmas vinte palavras”, no exato dizer do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto.
E a cidadezinha de Viçosa, na Zona da Mata alagoana, ficaria retida ainda por um bom tempo na memória graciliânica. Tanto que lhe forneceu o anti-herói Paulo Honório e algumas outras figuras humanas que povoariam as páginas de São Bernardo, três décadas mais tarde.
Por Sidney Wanderley
Indígenas
Indígenas
Foram os habitantes primitivos do município.
Em meados do século XVI, após desentender- se com o filho do segundo governador-geral do Brasil - D. Duarte da Costa, o primeiro bispo do Brasil (D. Pero Fernandes Sardinha) aboletou-se num navio e zarpou para Portugal. Em litoral alagoano a embarcação desistiu da viagem e soçobrou, morrendo afogada a maior parte de seus tripulantes.
Alguns felizardos, nadando com fé e obstinação, conseguiram chegar com vida a terra firme. Entre eles, D. Pero Fernandes Sardinha. Não estavam num dia de sorte, porém.
Mal chegados ao solo alagoano, foram imediatamente aprisionados pelos temíveis (índios caetés, que, entre outros hábitos estranhos e pouco recomendáveis, cultivavam a antropofagia. Tiveram suas cabeças esmagadas pelos tacapes e seus corpos digeridos pela fome indígena. Um lauto banquete, diga-se de passagem.
Após a matança do bispo, os portugueses aliados aos índios tabajaras decretaram guerra de morte aos caetés. Estes, numérica e logisticamente inferiores, foram praticamente dizimados em batalhas que se prolongaram pela segunda metade do século XVI.
Os poucos caetés sobreviventes embrenharam-se pelo sertão e, após a extinção dos quilombos, começaram a repovoar a Zona da Mata alagoana.
É ainda (e sempre) o historiador Alfredo Brandão quem nos socorre:
"Sendo os Caetés divididos em muitas sub-tribos, procurei saber qual o ramo que havia habitado a Viçosa e cheguei a conclusão que tinha sido o dos Caambembes, ou mais simplesmente Cambembes, índios que escaparam ao estudo dos investigadores e de cuja existência tive notícia por meio de reminiscências vagas, disseminadas ainda hoje entre os habitantes do local”.
“O vocábulo cambembe serve hoje na Viçosa para designar o povo baixo do campo. Tal designação é recebida quase como uma afronta, vendo-se portanto que ela pertenceu a uma raça que se degradou. Segundo penso, a palavra cambembe é uma corruptela de caamemby, vocábulo indígena que se decompõe em caa – mato e memby – flauta, gaita ou buzina. Literalmente a tradução será: mato de gaitas, de buzinas ou de flautas. Desta etimologia depreendo que os Cambembes deviam ser um povo amigo da música. É bem possível que haja alguma identidade desses índios com os bardos dos Caetés, os quais conforme relata Ferdinand Diniz, acompanhavam os guerreiros nas pelejas, incitando-os com os seus cantos. Ainda hoje entre os caboclos descendentes dos Cambembes, encontram-se exímios tocadores de pífano”.
No início do século XIX, quando Viçosa (então Riacho do Meio) não contava sequer com quinhentas almas, os cambembes vieram a constituir a classe proletária que trabalhava assalariada nos roçados de algodão e nas engenhocas dos proprietários de terras. Daí o acertado registro do dicionarista Aurélio Buarque de Holanda: “Cambembe. Bras., AL. No município de Viçosa, pessoa humilde que mora no campo”.
Daí também o motivo de propriedades e povoações possuírem denominações tais como Porangaba, Pindoba, Pirauás, Tangil, Gereba, Caramatuba, entre muitas outras similares.
Por Sidney Wanderley
Foram os habitantes primitivos do município.
Em meados do século XVI, após desentender- se com o filho do segundo governador-geral do Brasil - D. Duarte da Costa, o primeiro bispo do Brasil (D. Pero Fernandes Sardinha) aboletou-se num navio e zarpou para Portugal. Em litoral alagoano a embarcação desistiu da viagem e soçobrou, morrendo afogada a maior parte de seus tripulantes.
Alguns felizardos, nadando com fé e obstinação, conseguiram chegar com vida a terra firme. Entre eles, D. Pero Fernandes Sardinha. Não estavam num dia de sorte, porém.
Mal chegados ao solo alagoano, foram imediatamente aprisionados pelos temíveis (índios caetés, que, entre outros hábitos estranhos e pouco recomendáveis, cultivavam a antropofagia. Tiveram suas cabeças esmagadas pelos tacapes e seus corpos digeridos pela fome indígena. Um lauto banquete, diga-se de passagem.
Após a matança do bispo, os portugueses aliados aos índios tabajaras decretaram guerra de morte aos caetés. Estes, numérica e logisticamente inferiores, foram praticamente dizimados em batalhas que se prolongaram pela segunda metade do século XVI.
Os poucos caetés sobreviventes embrenharam-se pelo sertão e, após a extinção dos quilombos, começaram a repovoar a Zona da Mata alagoana.
É ainda (e sempre) o historiador Alfredo Brandão quem nos socorre:
"Sendo os Caetés divididos em muitas sub-tribos, procurei saber qual o ramo que havia habitado a Viçosa e cheguei a conclusão que tinha sido o dos Caambembes, ou mais simplesmente Cambembes, índios que escaparam ao estudo dos investigadores e de cuja existência tive notícia por meio de reminiscências vagas, disseminadas ainda hoje entre os habitantes do local”.
“O vocábulo cambembe serve hoje na Viçosa para designar o povo baixo do campo. Tal designação é recebida quase como uma afronta, vendo-se portanto que ela pertenceu a uma raça que se degradou. Segundo penso, a palavra cambembe é uma corruptela de caamemby, vocábulo indígena que se decompõe em caa – mato e memby – flauta, gaita ou buzina. Literalmente a tradução será: mato de gaitas, de buzinas ou de flautas. Desta etimologia depreendo que os Cambembes deviam ser um povo amigo da música. É bem possível que haja alguma identidade desses índios com os bardos dos Caetés, os quais conforme relata Ferdinand Diniz, acompanhavam os guerreiros nas pelejas, incitando-os com os seus cantos. Ainda hoje entre os caboclos descendentes dos Cambembes, encontram-se exímios tocadores de pífano”.
No início do século XIX, quando Viçosa (então Riacho do Meio) não contava sequer com quinhentas almas, os cambembes vieram a constituir a classe proletária que trabalhava assalariada nos roçados de algodão e nas engenhocas dos proprietários de terras. Daí o acertado registro do dicionarista Aurélio Buarque de Holanda: “Cambembe. Bras., AL. No município de Viçosa, pessoa humilde que mora no campo”.
Daí também o motivo de propriedades e povoações possuírem denominações tais como Porangaba, Pindoba, Pirauás, Tangil, Gereba, Caramatuba, entre muitas outras similares.
Por Sidney Wanderley
sábado, 26 de março de 2011
I Torneio de Futsal EMPC 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
I Mostra de Teatro dias 25, 26 e 27
I Mostra de Teatro dias 25, 26 e 27
Reconhecida como Atenas alagoana e berço da cultura de Alagoas, Viçosa dá seus primeiros passos para fazer ainda mais história. Nos próximos dias 25, 26 e 27 de Março, realiza a I Mostra de Teatro e recebe cerca de 70 profissionais do meio artístico. A Prefeitura de Viçosa apresenta nove espetáculos teatrais, quatro performances, palestras, círculos de debates e oficinas teatrais.
O evento celebra com bom gosto e inovação o Dia Internacional do Teatro. Os espetáculos e shows acontecerão na Praça Apolinário Rebelo e as oficinas na sede da Secretaria de Cultura e Turismo, na Avenida Firmino Maia, tudo gratuitamente. As companhias teatrais percorrerão as escolas e o hospital da cidade apresentando não só teatro, mas também música e poesia para levar um pouco de alegria para os enfermos, e incentivar as crianças do município a participarem do teatro.
O evento conta com shows de bandas do município e da Capital; e tem como objetivo proporcionar difusão cultural, entretenimento inteligente, envolvimento da comunidade com as atividades culturais desenvolvidas na região e promover efetivamente a inclusão social e cultural.
As vagas para as oficinas são limitadas, para realizar a inscrição envie e-mail para mostravicosa@gmail.com, informar: nome, cidade, telefone, e-mail e em qual oficina está se inscrevendo (iniciação ou expressão corporal).
A I Mostra de Teatro é uma realização da Prefeitura Municipal de Viçosa, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, com o apoio da Cia. Teatral do Avesso, da Secretaria de Cultura do Estado, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL), da Cia. Do Chapéu e da Associação de Artistas e Artesãos de Viçosa - Fazendo Fazeres.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO:
25 de março – >sexta-feira
9h30: Performances teatrais itinerantes: teatro, música e poesia (Escolas e Hospital Municipal de Viçosa)
16h – Performance Vitrines Vivas – Cia do Avesso (Viçosa-AL)
18h - Abertura Oficial (solenidade)
18h - Espetáculo: A VÉIA DEBAIXO DA CAMA - Grupo Renascer da 3ª idade (Viçosa – AL)
19h - Espetáculo: XEQUE-MATE - Cia. Teatral Comboio de Doido (Taquarana-AL)
20hs - Espetáculo: CONTOS E PONTOS DAS LAVADEIRAS DO VELHO CHICO - Cia. Malagoanos ( Maceió – AL)
21hs - BANDA: Laranja Mecânica ( Maceió – AL)
26 de março -> sábado
10h - Performance com trabalhos teatrais desenvolvidos nas escolas municipais de Viçosa pelo professor Naeliton Santos. (Local: feira típica)
16h - Palestra temática - Teatro: Ferramenta modificadora da sociedade - Profª Eliza Magna (IFAL) Local: Centro de Formação
18h - Espetáculo: ENCONTRO - Cia.dos Pés – (Maceió – AL)(dança contemporânea)
19h - Espetáculo: PEDAÇOS DE NÓS MESMOS - Cia. De Teatro Mestres da Graça (Palmeira dos Índios – AL)
20h - Espetáculo: SONHOS, BATOM E UM AR DE FÚRIA - Cia. Da Alquimia – (IFAL)
20h30h - BANDA: Papel de Parede - Viçosa - AL
27 de março -> domingo –
Manhã e Tarde: Oficinas de iniciação ao teatro e expressão corporal - Anderson Diego – (IFAL)
19h - Espetáculo: PILAR EM VERSOS - Cia. Galhofa de Teatro – (Pilar – AL)
20h - Espetáculo “PURA ARTE BARSILEIRA VERSOS - Cia. Pro Jovem – (Capela – AL)
20h30 - Espetáculo “PIOR SERIA... SE PIOR FOSSE” - Cia. do Avesso ( Viçosa – AL)
21h - Performance: POESIAS DE GENTILEZA -com Diego Januário (Maceió – AL)
21h – BANDA: Mayara Honorato - Viçosa - AL
Fonte: http://www.vicosa.al.gov.br/noticias.php?codnoticia=223
quarta-feira, 23 de março de 2011
Banda Fanfarra EMPC
No dia 13 de outobro de 2010 a Banda Fanfarra da Escola Municipal Pedro Carnaúba fez uma belíssima apresentação, a Banda formada por 195 componentes. O Video a cima está mostrando a primeira música a ser tocada.
Hagiografia
A Matriz
do Senhor do Bomfim, onde Graciliano Ramos foi coroinha e aprendeu com a fé as vantagens do ateísmo.
Hagiografia
Morto o padre Manoel Joaquim da Costa (vulgo Mané Mole) - vigário da Paróquia de 1835 a 1848 -, em 1849 Viçosa ganhou o seu segundo pároco. Tratava-se de Francisco Manoel da Silva, a quem o povo, por insabidas razões, alcunhou de Padre Cabrites.
Com o fito de catequizar as almas hereges e manter viva a fé em Cristo naqueles que já a possuíam, Cabrites fincou pé e cruz na província. E aqui pôs-se a orar e trabalhar. E orou e trabalhou por longos trinta e sete anos, pois que só com sua morte - em 1886 é que se entregou ao luxo do cochilo eterno e definitivo.
Ficou conhecido na cidade o seu Sermão da Laranja. No púlpito e em alta voz, o padre afirmava que se dispuséssemos em nossas mãos de uma laranja e tivéssemos que repartí-la com nosso melhor amigo, necessariamente deveríamos ficar com a banda mais doce para nosso consumo e fornecer a parte mais amarga (ou menos adocicada) para nosso amigo predileto. E justificava: Deus ensina no Primeiro Mandamento a amar o próximo como a nós mesmos; nunca amar o próximo mais que a nós mesmos. E querer ser melhor que o próprio Deus é empreitada digna apenas dos amantes de Lúcifer.
Já idoso, o padre Cabrites era tido na conta de santo por inúmeras beatas que lhe invadiam a casa e, muitas vezes, a própria alcova. Dele, conta-se que ao fim da vida possuía seis amásias e doze ou quatorze guris, todos – elas e eles – possuidores da mais rígida e irrepreensível formação religiosa. Certa feita, questionado pelo bispo acerca de seus métodos nada ortodoxos, na disseminação da fé católica, padre Cabrites teria rebatido:
- Cada qual com suas maneiras, meu caro bispo. O senhor com suas sábias palavras, eu com minhas ações generosas. E, ademais, nem só de almas e de verbo vive o Senhor.
Francisco Manoel da Silva – o padre Cabrites – foi substituído após morrer pelo padre Francisco da Borja Loureiro – o Vigário Loureiro -, que, em início do século XX tentaria, infrutiferamente, manter nos domínios da fé o espírito do então coroinha e futuro romancista Graciliano Ramos.
Por Sidney Wanderley
Banda Fanfarra EMPC
Apresentações da Banda Fanfarra da Escola Municipal Pedro Carnaúba do dia 13 de outubro de 2010 na Avenida Firmino Maia. Foi um sucesso tanto os moradores da cidade quanto os visitantes aplaudiram muito a Banda, que tem como coordenado Fernando Melo e como maestro Jailton Lima.
terça-feira, 22 de março de 2011
Gurganema
Gurganema: a rua do Sapo Podre.
Gurganema
Uma das mais antigas ruas da cidade, hoje denominada Tibúrcio Nemésio. Iniciando-se ao final da praça Apolinário Rebelo, esta artéria se estende entre a base do morro do cemitério e a margem esquerda do rio Paraíba. Nela se localizam os fogueteiros da cidade, além do prédio onde outrora funcionou o célebre e celebrado cabaré Cabeça de Boi.
Esta rua caracterizava-se em tempos passados pela permanente realização de farras e batuques. O primeiro vigário de Viçosa, Manoel Joaquim da Costa, pouco afeito a barulho e malandragem, batizou-a com o estranho vocábulo Gurganema. Trata-se de uma corruptela de cururupanema ou curupanema, que se desdobra em cururu – sapo e nema – podre. Portanto, a atual Tibúrcio Nemésio foi, até bem pouco, a rua do Sapo Podre.
Os moradores do Sapo Podre, irados com o vigário e atentos à sua lerdeza, apelidaram-no apropriadamente de Mane Mole. Justa vingança.
Por Sidney Wanderley
Fé
Fé
Duas hipóteses podem ser levantadas: a existência ou a inexistência de Deus. Com a rala exceção de três almas penadas, duramente reprimidas pela grande maioria dos fiéis e tidas na conta de atéias, a cidade se manifesta em favor da primeira hipótese.
Quanto à existência de Satanás, apenas o cônego opina de forma negativa. Os ateus - inclusive - somam-se aos fiéis para assegurar a existência do Tinhoso. Os sobradões que rodeiam a praça Apolinário Rebelo são tidos na conta de mal-assombrados e, conforme crença popular, tratam-se das habitações preferidas de Satanás seu horário comercial, ou seja, da meia-noite às quatro da manhã.
Os padres de antanho rejeitavam a hipótese da presença de Lúcifer nos sobradões da praça, preferindo detectá-lo nas tentacoes carnais e na mudança de costumes processada no início do século. Graciliano Ramos, que aqui viveu de 1899 a 1906, anotou numa crônica pertencente a Viventes das Alagoas:
“A cidade tem uns cinco mil habitantes. Contando bem, talvez achássemos seis mil, número que os naturais, bairristas em excesso, duplicam. . . Faz trinta anos que S. Revma. profere no púlpito, com ligeiras variantes, o mesmo sermão, ataque feroz ao mundo, à carne e ao diabo, férteis em tentações não especificadas. Prudente, S. Revma. impugna o exterior do mal. Acusou as primeiras mulheres que vestiram calças e montaram a cavalo de frente, escanchadas, como os homens, mas este indício de perdição vulgarizou-se rapidamente, os silhões e o costume de cavalgar de banda caíram em desprestígio - e o Vigário passou a denunciar outras manhas dos inimigos da alma. Agrediu as saias curtas das moças e os braços descobertos. Ante a resistência foi inexorável: esbaforiu-se e enrouqueceu depois da missa, usou argumentos rijos e, no batismo, afastou da pia as madrinhas não inteiramente agasalhadas. Recusou desculpas, triunfou. Idoso e de óculos, enxerga sem dificuldade os colos expostos. E julga que alguns centímetros de pele nua ocasionam prejuízo sério à cristã".
Para sufragar as almas do purgatório, os fiéis utilizavam-se de uma cerimônia religiosa denominada Banquete das Almas e que consistia em orações, missas, comunhões etc. O Jornal de Viçosa nos fornece dados acerca de um Banquete das Almas efetivado em setembro de 1929:
"O resultado do Banquete foi altamente satisfatório. Ei-Io: 1 missa celebrada, 250 comunhões, 30 comunhões espirituais, 449visitas ao S. Sacramento, 12.809 rosários, 2.349 terços, 677 mortificações, 176 ofícios, 1.005 coroas, 1.048 padre-nossos, 1.988 salve-rainhas, 447 visitas a Nossa Senhora, 100 visitas a outros santos, 50.000 jaculatórias, 193 missas ouvidas, 58 salmos, 545 ladainhas e 5 comunhões reparadoras.
"O Revmo. Sr. vigário Pe. Cândido Machado, muito satisfeito com o resultado exposto, se congratula com todos os fiéis que concorreram para a realização dessa cerimônia e recomenda que todos continuem a rezar e a pedir pelas almas do purgatório". (Jornal de Viçosa, 20 de outubro de 1929.)
Os cultos protestantes e as crenças de origem africana, não tendo almas suficientes para a realização de tão majestoso "banquete", nem por isso deixaram de sentar-se às suas mesas e de se refestelar com o modesto almoço espiritual que suas forças Ihes permitiam.
Por Sidney Wanderley
Duas hipóteses podem ser levantadas: a existência ou a inexistência de Deus. Com a rala exceção de três almas penadas, duramente reprimidas pela grande maioria dos fiéis e tidas na conta de atéias, a cidade se manifesta em favor da primeira hipótese.
Quanto à existência de Satanás, apenas o cônego opina de forma negativa. Os ateus - inclusive - somam-se aos fiéis para assegurar a existência do Tinhoso. Os sobradões que rodeiam a praça Apolinário Rebelo são tidos na conta de mal-assombrados e, conforme crença popular, tratam-se das habitações preferidas de Satanás seu horário comercial, ou seja, da meia-noite às quatro da manhã.
Os padres de antanho rejeitavam a hipótese da presença de Lúcifer nos sobradões da praça, preferindo detectá-lo nas tentacoes carnais e na mudança de costumes processada no início do século. Graciliano Ramos, que aqui viveu de 1899 a 1906, anotou numa crônica pertencente a Viventes das Alagoas:
“A cidade tem uns cinco mil habitantes. Contando bem, talvez achássemos seis mil, número que os naturais, bairristas em excesso, duplicam. . . Faz trinta anos que S. Revma. profere no púlpito, com ligeiras variantes, o mesmo sermão, ataque feroz ao mundo, à carne e ao diabo, férteis em tentações não especificadas. Prudente, S. Revma. impugna o exterior do mal. Acusou as primeiras mulheres que vestiram calças e montaram a cavalo de frente, escanchadas, como os homens, mas este indício de perdição vulgarizou-se rapidamente, os silhões e o costume de cavalgar de banda caíram em desprestígio - e o Vigário passou a denunciar outras manhas dos inimigos da alma. Agrediu as saias curtas das moças e os braços descobertos. Ante a resistência foi inexorável: esbaforiu-se e enrouqueceu depois da missa, usou argumentos rijos e, no batismo, afastou da pia as madrinhas não inteiramente agasalhadas. Recusou desculpas, triunfou. Idoso e de óculos, enxerga sem dificuldade os colos expostos. E julga que alguns centímetros de pele nua ocasionam prejuízo sério à cristã".
Para sufragar as almas do purgatório, os fiéis utilizavam-se de uma cerimônia religiosa denominada Banquete das Almas e que consistia em orações, missas, comunhões etc. O Jornal de Viçosa nos fornece dados acerca de um Banquete das Almas efetivado em setembro de 1929:
"O resultado do Banquete foi altamente satisfatório. Ei-Io: 1 missa celebrada, 250 comunhões, 30 comunhões espirituais, 449visitas ao S. Sacramento, 12.809 rosários, 2.349 terços, 677 mortificações, 176 ofícios, 1.005 coroas, 1.048 padre-nossos, 1.988 salve-rainhas, 447 visitas a Nossa Senhora, 100 visitas a outros santos, 50.000 jaculatórias, 193 missas ouvidas, 58 salmos, 545 ladainhas e 5 comunhões reparadoras.
"O Revmo. Sr. vigário Pe. Cândido Machado, muito satisfeito com o resultado exposto, se congratula com todos os fiéis que concorreram para a realização dessa cerimônia e recomenda que todos continuem a rezar e a pedir pelas almas do purgatório". (Jornal de Viçosa, 20 de outubro de 1929.)
Os cultos protestantes e as crenças de origem africana, não tendo almas suficientes para a realização de tão majestoso "banquete", nem por isso deixaram de sentar-se às suas mesas e de se refestelar com o modesto almoço espiritual que suas forças Ihes permitiam.
Por Sidney Wanderley
Emancipação Política
Por decreto imperial, a povoação do Riacho do Meio converte-se em Vila Nova de Assembléia (1831).
Emancipação Política
A exemplo da emancipação política de Alagoas, a desanexacão do município de Viçosa dos domínios de Atalaia efetivou-se sem para isso se fizesse necessária a existência de heróis, batalhas, vítimas e conspirações. Nem sequer um tiro foi disparado. Nenhuma palavra de ordem libertária ecoou nas ruas da cidade. Inexistiram bandos armados a trotarem sorrateiros pelas matas e morros do município. Enfim, tudo na mais perfeita paz.
A 13 de outubro de 1831 um decreto imperial criava as vilas de Imperatriz (atual União dos Palmares) e Assembléia (atual Vicosa). Rezava o decreto em seu artigo 1o.:
"Ficarão creadas duas villas desmembradas da villa de Atalaia, uma ao norte e pela margem do rio Mundahú, no lugar da Camaratuba; sua capital a povoação do Macaco; seu território comprehendido nas povoações do - Macaco - Lage do Canhôto - Juçara – Cabeça de Porco - Murici e Branquinha.; - outra ao norte do rio Parahyba e no lugar Riacho do Meio; sua capital a povoação do mesmo nome; seu território o comprehendido nas povoações – Riacho do Meio - Lourenço - Passage - Quebrangulo - Cassamba e Limoeiro - comprehendendo os juízes de paz das capellas filiaes das mencionadas povoações; sua denominação – Villa Nova da Assembléia".
Mais balas foram gastas na comemoração que na conquista da independência política da Vila Nova de Assembléia: uma salva de vinte e um tiros causou susto e inquietação em seus pacatos e ordeiros habitantes.
Por Sidney Wanderley
segunda-feira, 21 de março de 2011
MANCHETES
- A Banda Fanfarra da Escola Municipal Pedro Carnaúba, estará no próximo dia 25 de março indo a Mar Vemelho/AL para fazer sua primeira apresentação. A mesma ainda conta como Coordenador o Sr. Fernando e Maestro Jailton.
- No dia 24 abril de 2011 a Banda Fanfarra da Escola Municipal Pedro Carnaúba viajará para Craíbas que no dia 22 de abril comemora a sua Emancipação Política, mas por ser na sexta-ferira da Paixão, então a comemoração será no dia 24, onde a Banda da EMPC abrilhantará a festa de Emancipação Política da mesma.
- 26/02/2011 - Concurso Viçosa-AL 2011: Edital para cerca de 190 vagas deve sair em breve. A Prefeitura de Viçosa, Estado de Alagoas, está preparando novo concurso público para preenchimento de vagas do seu Quadro de Pessoal. A comissão responsável pelo concurso público, efetuou um levantamento nas Secretarias Municipais e chegou à conclusão de que há necessidade de, aproximadamente, 190 vagas, incluindo cadastro de reserva. A próxima etapa será a contratação da empresa organizadora do certame. “Estamos preparando um concurso totalmente legal e que vai proporcionar a concorrência igualitária”, destacou o prefeito Flaubert Filho. FONTE: http://www.proximosconcursos.com/modules.php?name=News&op=NEArticle&sid=3800
Dois Irmãos
Dois Irmãos
É a serra dos Dois Irmãos o ponto culminante do município, atingindo cerca de 400 metros de altura. Seu nome deriva de seus cabeços mais importantes – os Dois Irmãos, separados entre si pela cachoeira do rio Paraíba e que se situam na divisa entre os municípios de Viçosa e Cajueiro (antigo distrito de Capela). Constituem-se em atração turística natural, distantes 8 Km da sede municipal e entrecortados pela via férrea.
O historiador Alfredo Brandão criou, em 1900, uma bela “estória” para “explicar” a gênese dos Dois Irmãos – a lenda de Inhamunhá, a meiga e sedutora iara que teria cometido o suicídio (convertendo-se após a morte na cachoeira do Paraíba) para evitar o combate de morte entre os irmãos guerreiros e indígenas Pirauê e Pirauá, desejosos de desposá-la. Enlouquecidos com o trágico desaparecimento da pretendida, os dois irmãos, possuídos por infinita melancolia, acabaram por transformar-se em gigantescas pedras que são hoje a serra dos Dois Irmãos.
O bairrismo exacerbado de alguns munícipes deseja, a todo custo, que Pedro Álvares Cabral tenha avistado os cumes dos morros ora em enfoque, e não – como a História ensina – o monte Pascoal, na Bahia. Em outras palavras: o descobrimento do Brasil ocorreu em alguma das verdes margens do rio Paraíba, onde certamente Cabral teria aportado com sua esquadra – hipótese muito simpática e nada provável.
O certo e indiscutível é que a serra dos Dois Irmãos serviu de refúgio e esconderijo para o heróico Zumbi e seus sequazes, fato este comprovado através de minuciosas pesquisas empreendidas por Alfredo Brandão e constantes em seu livro Viçosa de Alagoas. Ou nas palavras do historiador: “Não é pois de admirar que o Zumbi se tivesse refugiado a princípio no Sabalangá e mais tarde na serra que lhe fica próxima – a serra dos Dois Irmãos – a qual, por causa dos seus desfiladeiros, seus penhascos abruptos e suas gargantas profundas, por uma das quais se precipita o Paraíba, poderia oferecer todas as condições de estratégia e resistência”.
Por Sidney Wanderley
É a serra dos Dois Irmãos o ponto culminante do município, atingindo cerca de 400 metros de altura. Seu nome deriva de seus cabeços mais importantes – os Dois Irmãos, separados entre si pela cachoeira do rio Paraíba e que se situam na divisa entre os municípios de Viçosa e Cajueiro (antigo distrito de Capela). Constituem-se em atração turística natural, distantes 8 Km da sede municipal e entrecortados pela via férrea.
O historiador Alfredo Brandão criou, em 1900, uma bela “estória” para “explicar” a gênese dos Dois Irmãos – a lenda de Inhamunhá, a meiga e sedutora iara que teria cometido o suicídio (convertendo-se após a morte na cachoeira do Paraíba) para evitar o combate de morte entre os irmãos guerreiros e indígenas Pirauê e Pirauá, desejosos de desposá-la. Enlouquecidos com o trágico desaparecimento da pretendida, os dois irmãos, possuídos por infinita melancolia, acabaram por transformar-se em gigantescas pedras que são hoje a serra dos Dois Irmãos.
O bairrismo exacerbado de alguns munícipes deseja, a todo custo, que Pedro Álvares Cabral tenha avistado os cumes dos morros ora em enfoque, e não – como a História ensina – o monte Pascoal, na Bahia. Em outras palavras: o descobrimento do Brasil ocorreu em alguma das verdes margens do rio Paraíba, onde certamente Cabral teria aportado com sua esquadra – hipótese muito simpática e nada provável.
O certo e indiscutível é que a serra dos Dois Irmãos serviu de refúgio e esconderijo para o heróico Zumbi e seus sequazes, fato este comprovado através de minuciosas pesquisas empreendidas por Alfredo Brandão e constantes em seu livro Viçosa de Alagoas. Ou nas palavras do historiador: “Não é pois de admirar que o Zumbi se tivesse refugiado a princípio no Sabalangá e mais tarde na serra que lhe fica próxima – a serra dos Dois Irmãos – a qual, por causa dos seus desfiladeiros, seus penhascos abruptos e suas gargantas profundas, por uma das quais se precipita o Paraíba, poderia oferecer todas as condições de estratégia e resistência”.
Por Sidney Wanderley
sexta-feira, 18 de março de 2011
Cemitério
A avenida Firmino Maia em 1912: sem bares, só matagal. Ao alto, o cemitério (seta)
Cemitério
De início não havia cemitério na cidade, sendo os mortos enterrados na Matriz, na igrejinha do Rosário e nos arredores da atual praça Apolinário Rebelo.
O gradativo aumento da população e a ocorrência da terrível epidemia de cólera em 1856, causando inúmeras mortes entre os munícipes, tornaram evidente a necessidade da construção de um cemitério, o que foi feito de forma provisória ao final da rua do Joazeiro (atual Frederico Maia), erguendo-se um de paliçada onde hoje funciona o Grupo Escolar 13 de Outubro.
A construção do atual e definitivo cemitério de Viçosa deu-se em 1890, com a vinda do frei Cassiano de Camachio, capuchino do convento da Penha no Recife, convidado que foi pelo vigário Loureiro para aqui missionar e erigir o cemitério.
Com a notícia das missões começou o povo a afluir não só do município de Viçosa, bem como dos municípios limítrofes. Para erigir o cemitério no alto do morro onde se acha hoje instalado, e em menos de quarenta dias, frei Cassiano utilizou-se de um hábil estratagema: recomendou aos fiéis que expiassem suas culpas e pecados, não com padre-nossos e ave-marias, mas transportando pesadas pedras através da íngreme ladeira que separava a parte baixa da cidade do ápice do morro em que desejava instaurar a nova “mansão dos mortos”.
O historiador Alfredo Brandão, em seu livro Viçosa de Alagoas, editado no Recife em 1914, nos informa a respeito: “Recordo-me que numa tarde eu e meu pai nos dirigíamos para a Viçosa. Quando chegamos no alto da Ladeira Vermelha, onde toda a vila se descortina, paramos extasiados, como se tivéssemos diante de nós algum Cosmorama oriental: uma compacta multidão movediça, enchendo a praça e as ruas, formava um longo cordão que subindo o monte pelo lado da (antiga) cadeia, ia até o cume onde se estava construindo o cemitério. O sol poente, batendo em cheio nesse formigueiro humano, fazia ressaltar as variegadas cores dos trajes e dava a todo o conjunto, visto assim de longe, um aspecto quase fantástico. Através das ruas mal se podia marchar, tal era a quantidade de gente que fervilhava, conduzindo pedras, cal, barro e areia para o cemitério. Nesse mister empregavam-se não só os homens válidos, como também os velhos, as mulheres e as crianças, cada um na quantidade de suas forças”.
Quem já teve a pesada incumbência de transportar um defunto da parte baixa da cidade para o alto do morro do cemitério, deve reter bem em sua memória o quanto isto o debilitou. Quem agora teve a ofertada possibilidade de conhecer a história da construção do atual cemitério de Viçosa, que guarde bem em sua memória do quanto é capaz a esperteza dos freis Camachios e a ingenuidade dos beatos.
Por Sidney Wanderley.
VIÇOSA JÁ FOI BRANQUINHA
Branquinha
Apelido carinhoso da cachaça. O mesmo que azuladinha, birita ou água-que-passarinho-não-bebe.
Em Viçosa, a quantidade dos amantes da aguardente só é superada pelo número de vítimas da xistose. Sofre nos tempos atuais grande concorrência por parte da “lourinha”, inclusive nos segmentos de mais baixa renda da população.
Vale ressaltar que os devotos da cachaça mantêm uma atitude cética e superior quando se deparam com uma tentadora garrafa de cerveja. Jorginho Bêbado, vítima fatal da cirrose e alcoólatra-maior da província, quando em vida sentenciou categórico: - A cerveja é o mijo do Diabo. Só que engarrafado e bem geladinho.
Relata a sapiência popular que a mistura da pólvora com a cachaça provoca a coragem em quem dispuser de suficiente coragem para ingerir tão estranha mistura. Coragem para guerrear, para duelar, para aniquilar o inimigo.
Aqui na terrinha é costume separarem-se os ingredientes. O derrotado prova da pólvora ou chumbo grosso e converte-se em defunto, migrando para a indesejada terra dos pés juntos; o vitorioso prova da cachaça e, em ato festivo, financia a bebedeira para os inúmeros espectadores do duelo, o que, por vezes, transforma a morte em algo mais aconselhável – porque menos dispendioso – que a preservação da própria vida.
O Trovador Berrante e o Bar do Zézo na praça Apolinário Rebelo, a Toca do Veio e o Bar do Relógio na avenida Firmino Maia são, nos dias atuais, os pontos de encontro dos boêmios viçosenses que trabalham (nos copos) pelas noites e madrugadas e hibernam (pelas calçadas e camas) enquanto reina o sol.
Por Sidney Wanderley.
Apelido carinhoso da cachaça. O mesmo que azuladinha, birita ou água-que-passarinho-não-bebe.
Em Viçosa, a quantidade dos amantes da aguardente só é superada pelo número de vítimas da xistose. Sofre nos tempos atuais grande concorrência por parte da “lourinha”, inclusive nos segmentos de mais baixa renda da população.
Vale ressaltar que os devotos da cachaça mantêm uma atitude cética e superior quando se deparam com uma tentadora garrafa de cerveja. Jorginho Bêbado, vítima fatal da cirrose e alcoólatra-maior da província, quando em vida sentenciou categórico: - A cerveja é o mijo do Diabo. Só que engarrafado e bem geladinho.
Relata a sapiência popular que a mistura da pólvora com a cachaça provoca a coragem em quem dispuser de suficiente coragem para ingerir tão estranha mistura. Coragem para guerrear, para duelar, para aniquilar o inimigo.
Aqui na terrinha é costume separarem-se os ingredientes. O derrotado prova da pólvora ou chumbo grosso e converte-se em defunto, migrando para a indesejada terra dos pés juntos; o vitorioso prova da cachaça e, em ato festivo, financia a bebedeira para os inúmeros espectadores do duelo, o que, por vezes, transforma a morte em algo mais aconselhável – porque menos dispendioso – que a preservação da própria vida.
O Trovador Berrante e o Bar do Zézo na praça Apolinário Rebelo, a Toca do Veio e o Bar do Relógio na avenida Firmino Maia são, nos dias atuais, os pontos de encontro dos boêmios viçosenses que trabalham (nos copos) pelas noites e madrugadas e hibernam (pelas calçadas e camas) enquanto reina o sol.
Por Sidney Wanderley.
Viçosa/AL Foi Assembléia
Nas calçadas, urbanos e rurícolas constituem a “assembléia”.
Foto de 1919.
Assembléia
Antiga denominação da atual cidade de Viçosa (AL), que vigorou de 1831 a 1890 e de 1943 a 1949.
Outrora era bastante comum a reunião dos habitantes da povoação para, às cinco da tarde e em suas calçadas, discutirem o estado da lavoura, “resolverem” os problemas da Nação e, sobretudo, para divagarem apaixonadamente acerca das vidas alheias.
Vezes muitas, vindos dos sítios para a compra ou venda de cereais, juntavam-se aos habituais freqüentadores das reuniões os rurícolas, com sua ingênua curiosidade e sua tradicional discrição – ouvidos atentos, bocas cerradas.
Dizia-se então que constituíam uma assembléia.
Possuíam tais assembléias infinito poder de deliberação sobre as vidas dos conterrâneos. Assim, a virgindade duma adolescente ou a sanidade mental de qualquer indivíduo dependiam menos dum atestado médico que do “humor crepuscular” de algum integrante da patota.
Com o recente advento da televisão na província, tais assembléias sofreram mudança temporal e geográfica: passaram a realizar-se à noite, sempre em torno dos aparelhos de TV e apenas durante os comerciais das telenovelas. Nem tudo mudou, entanto. Comenta-se o destino do vilão da novela das oito com o mesmo entusiasmo e idêntica maledicência com que se trata do nebuloso passado de algum concidadão pouco querido.
Por Sidney Wanderley.
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