No dia Mundial do Meio Ambiente – 5 de junho - a Prefeitura de Viçosa faz uma homenagem ao jornalista viçosense Otávio Brandão Rego, considerado nosso primeiro ecologista. Em um estande montado no Galpão do Inhame, na Avenida Firmino Maia, a Secretaria Municipal de Educação resgata um pouco da vida e obra de seu filho ilustre, pioneiro na luta em defesa de nossas riquezas minerais e naturais.
No início do século passado, Octávio Brandão afirmava a existência de petróleo no subsolo brasileiro e chamava atenção em seu clássico livro Canais e Lagoas, para os cuidados que deveriam ser tomados para garantir a sobrevivência de um dos mais belos santuários ecológicos de Alagoas: o complexo estuarino Mundaú-Manguaba. O livro traça um roteiro preciso do quão exuberante era a Mata Atlântica e seus recursos hídricos à época em que foi escrito.
Para homenagear o alagoano, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/AL (Abes/AL), com o apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Alagoas (Sindjornal), Braskem Alagoas e Núcleo de Ecojornalistas de Alagoas (NEJ-AL), criou o Prêmio Octávio Brandão de Jornalismo Ambiental, com o objetivo de premiar trabalhos jornalísticos que tenham como tema o meio ambiente e despertem para a importância da preservação ambiental como condição para uma melhor qualidade de vida. O prêmio já está em sua sétima edição, e a cada ano aumenta o número de participantes e de trabalhos inscritos.
Biografia - Octávio Brandão Rego nasceu em Viçosa, Alagoas, em 12 de setembro de 1896, e morreu em 15 de março de 1980, no Rio de Janeiro. Jornalista, escritor, político cientista, teórico do socialismo e militante do Partido Comunista Brasileiro, foi responsável pela difusão dos conceitos marxistas no Brasil, influenciando uma geração de militantes de esquerda. Precursor da reforma agrária no Brasil, aventurou-se em peregrinações pelo interior de Alagoas e pregou a divisão da terra.
No início do século 20, numa época em que a oligarquia latifundiária e o poder político interferiam com muito mais virulência no cotidiano do Estado, ele chocou a sociedade alagoana com seus conceitos e atitudes libertárias. Não havia completado 20 anos quando entrou na luta pela jornada de trabalho de oito horas -“perturbou” tanto a burguesia da capital que foi ameaçado de morte e teve de deixar sua terra natal.
Fez parte do movimento anarquista brasileiro das primeiras décadas do século XX. Seu primeiro trabalho intelectual, Aspectos Pernambucanos nos Fins do Século XVI, foi publicado em 1914 no Diário de Pernambuco. Graduou-se pela Universidade do Recife como Farmacêutico. Em 1919, Astrojildo Pereira o visitava na farmácia em que trabalhava e emprestava alguns livros marxistas. E, assim, começou a ler as traduções francesas de livros de Marx, Engels e Lênin.
Em 1923, Octávio Brandão realiza a primeira tradução brasileira do Manifesto Comunista de Marx e Engels, a partir da edição francesa de Laura Lafargue, que foi publicada no jornal sindical Voz Cosmopolita. Em 1920 ligou-se ao Grupo Clarté de Paris e através do Grupo Comunista Brasileiro Zumbi filiou-se ao PCB, no segundo semestre de 1922, tornando-se dirigente nacional.
Em 1925 esteve à frente da criação de A Classe Operária, o primeiro jornal de massas do Partido Comunista, da qual foi o primeiro editor. Dois anos depois foi editor-chefe do diário A Nação. As ideias comunistas passaram a serem difundidas mais amplamente entre os trabalhadores.
Obras - Figura essencial para a compreensão da história sociocultural de Alagoas, somente nos últimos anos seu nome vem sendo lembrado. Estudioso e pesquisador que foi, Octávio Brandão deixou um acervo monumental, utilizado até hoje como fonte para vários estudos acadêmicos desenvolvidos no Brasil.
Escrito nos idos de 1916-1917, o livro Canais e Lagoas representa um dos poucos registros da natureza que circundava o complexo lagunar Mundaú-Manguaba, quando a intervenção humana ainda não havia provocado mudanças significativas nesse notável ecossistema.
O livro Agrarismo e Industrialismo é pioneiro na reflexão dos comunistas sobre a sociedade brasileira. Ainda em 1925, após revolta tenentista ocorrida em São Paulo, entre os dias 5 e 28 de julho de 1924, publica o livro, considerado a primeira tentativa de interpretação marxista da realidade brasileira, publicada na Argentina, com o pseudônimo de Fritz Mayer.
Fonte: vicosa.al.gov.br
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